Os direitos trabalhistas, previdenciários e sindicais da classe trabalhadora brasileira, conquistados de quando foi implantada a Consolidação das Leis do Trabalho, nunca foram bem digeridos pela nossa elite dominante. O jornal O Globo, na época chegou a estampar manchete de primeira página afirmando que o 13º salário seria desastroso para o País. Golpe contra a […]
Os direitos trabalhistas, previdenciários e sindicais da classe trabalhadora brasileira, conquistados de quando foi implantada a Consolidação das Leis do Trabalho, nunca foram bem digeridos pela nossa elite dominante. O jornal O Globo, na época chegou a estampar manchete de primeira página afirmando que o 13º salário seria desastroso para o País.
Golpe contra a classe trabalhadora
Carla Apollinario de Castro, pesquisadora doutora e professora de Direito da Universidade Federal Fluminense, explica o golpe em artigo no jornal Brasil de Fato:
“Em 2016 foi retomado o debate acerca de uma suposta necessidade de se realizar as Reformas Trabalhista e Sindical, sob o argumento de “modernizar” as relações de trabalho brasileiras. A reforma foi curiosamente denominada pelo Governo Federal de “Caminho para o diálogo e a pacificação das relações de trabalho”, com os mesmos pretextos de sempre, isto é, modernizar a legislação, desburocratizar as relações de trabalho e ampliar o emprego formal, como se fosse possível realizar a conciliação dos opostos (capital e trabalho). (…) O verdadeiro objetivo da reforma trabalhista foi implodir a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), retirar fontes de financiamentos de sindicatos e aumentar a vulnerabilidade dos trabalhadores. No mesmo caminho vai a reforma da previdência, o achatamento do salário mínimo e tantas outras medidas defendidas pela equipe econômica do governo federal.”
Os argumentos para convencer a população quanto à necessidade da reforma foram de criminalizar os sindicatos a prometer um aumento substancial nas vagas de trabalho. Nenhum desses argumentos possui amparo na realidade concreta e objetiva da classe trabalhadora. Prova disso é que o desemprego aumenta a cada dia, o número de desalentados nunca foi tão alto e enfraquecer os sindicatos só serviu para deixar os trabalhadores e trabalhadoras mais vulneráveis.
É sempre bom lembrar que a retirada das fontes de sustentação dos sindicatos prejudica os trabalhadores e trabalhadoras objetivamente nas negociações coletivas e individuais de Acordos Coletivos de Trabalho, defesa judicial dos direitos desrespeitados, homologações transparentes e honestas, manutenção de benefícios como plano de saúde, tíquete restaurante e alimentação, licenças, abonos, PLR (negociada pelo Sindicato em acordos individuais com empresas) e outros muitos benefícios que só existem porque estão garantidos nos Acordos e Convenções Coletivos
Refletir, arregaçar as mangas e lutar
Na foto acima, da fotógrafa Vanessa Nicolav, uma multidão de desempregados em fila para conseguir uma vaga. Isso é fruto de todos esses ataques aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, sem que nenhum dos objetivos prometidos tenham sido cumpridos. É também um sinal de alerta para que cada um reflita sobre o que deseja para o seu futuro e de seus descendentes.
A continuar esse tipo de política econômica voltada aos grandes empresários, em detrimento da força de trabalho, o Brasil caminha para competir, em atraso trabalhista, com os países mais atrasados do mundo. Por mais promessas mirabolantes que se escute, a verdade é que as diferenças entre ricos e pobres se tornam cada vez mais indecentes. Se as pessoas pobres já não tinham acesso a hospitais, hoje não têm acesso a médicos. Vivem doentes e morrem sem atendimento. Estamos entre os países mais violentos e desiguais do mundo. O Brasil está sob a égide de elites econômicas e políticas criminosas, perversas, cruéis.
Só há um meio de exigir que o povo seja ouvido: através da luta, que se dá nas ruas, em manifestações ordeiras mas firmes, para que seja demonstrado o repúdio contra as políticas que punem os pobres para privilegiar os endinheirados.